- Vocês ainda não sabem? Não perceberam? Pois vou lhes dizer agora: todos nós vivemos aqui nesse lugar que, num primeiro momento, parece muito com uma cidade. Mas a verdade é que trata-se de um confinamento, um centro de recuperação, um HOSPÍCIO!
- Sim! Não percebem que muitos nascem aqui e nunca saem? E tantos outros recebem alta, vão embora e nunca mais voltam - curados. E ainda tem aqueles que recebem alta, passam uma temporada fora, têm uma recaída e voltam a ser internos novamente!
- É engraçado porque ninguém se dá conta, mas se observarmos atentamente o comportamento, as reações, as ideias... aqui é tudo louco de pedra!
- Tem personagem de todos os tipos: os que acham que são ricos, o que pensam que são políticos, empresários de sucesso, tem os intelectuais (esses estão em estágio adiantado da doença), ah e também tem os internos que têm permissão para sair - são os que estão em regime semi-aberto.
- Tu estás delirando, Fátima...
- Essa reação é absolutamente normal. Nenhum louco admite que o é. Mas podem ter certeza: se vocês estão aqui conversando comigo... É PORQUE ESTÃO INTERNADOS! (E já faz tempo).
Fátima está internada em Arroio Grande desde que nasceu. Possui pelo menos 18 anos de atividades noturnas e, pelo seu comportamento, recebeu a outorga de "observadora mor".
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