sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

João e Maria e as andanças pela cidade

JOÃO E MARIA E AS ANDANÇAS PELA CIDADE

(BASEADO NA OBRA DOS IRMÃOS GREEN)

PERSONAGENS

JOÃO - Thomás
MARIA - Emanuele
PAI - Gliciani
MADRASTA - Luana
MADAME BRUXA - Nathália -
GIGI – Haxia – afilhada da Madame Bruxa, ajuda a encontrar novas crianças
ZÉ MINHOCA – Igor – ajudante da madame bruxa
CARICÓ – Taíne – menina que sabe das tramóias da madame bruxa e dispara dela
LAMBARI – Diele – está presa na gaiola da madame bruxa
CRIANÇAS – 1Olga, 2Ingra, 3Luene, 4Eduarda, 5Luise – são escravas da madame bruxa


CENA 1


( o pai e a madrasta conversam à beira da mesa)

PAI: Mulher, estou muito preocupado com a situação. Não ta nada fácil sobreviver aqui no campo. E ainda por cima essa seca... As vaca tão ficando que é só osso e pele.

MADRASTA: Eu já cansei de te falar que a gente tem muita despesa. Temo que faze alguma coisa com esses menino...

PAI: Não vem com essa história de novo mulher. Não quero mandar meus filhos embora daqui!

MADRASTA: Não quer? Acha melhor ficarem passando necessidade aqui? São duas boca a mais pra comer, hômi. Já não são mais criança, podem muito bem se virá lá pela cidade.

PAI: Não sabem nem onde fica a cidade. Nunca foram lá. Foram criados pra viver aqui, pra ser gente do campo. Só Deus sabe o que pode acontecer se ficarem sozinhos no meio do povo....

MADRASTA: Espírito de sobrevivência. Pois eu acho que eles podem se sair muito bem, sim!

PAI: Chega dessa conversa, que já to ficando aborrecido!!!! (levanta-se e sai contrariado)

MADRASTA: Pois eu vou dar um jeito desses dois pestinhas irem embora daqui. Não me casei com o pai deles pra ficar trabalhando de graça pro filho dos outros. Amanhã mesmo dou um jeito nisso. (SAI)

(entram João e Maria)

JOÃO: Tu ouvistes o que ela disse Maria!

MARIA: João, eu não quero ir embora daqui. Tenho medo da cidade João. Quero ficar do lado do meu pai. Aqui em casa com todas as nossas coisas... Nossos bichinho, nossas brincadeiras... Aqui é bom João!

JOÃO: Calma minha irmã. Eu também não quero trocar a nossa casa aqui fora, pela cidade, que a gente nem conhece. Pode deixar comigo que eu já tenho uma idéia para enganar a nojenta da nossa madrasta. E fique bem atenta. Parece que amanhã vamos à cidade.


(Os dois ficam num canto) (entra a madrasta)

MADRASTA: Marido! (entra o marido) Vou no mato cortar lenha e vou levar os menino comigo. Não me espera pra ajudar na roça porque vou demorar!
João, Maria! Venham comigo!

PAI: Cuidado crianças, prestem bem atenção no serviço e obedeçam ela.

(seguem adiante, a madrasta vai um pouco mais à frente)

MADRASTA: João, Maria. Vamos ter que dar uma chegada na cidade. Preciso comprar umas ferramentas. Andem logo!

JOÃO: Tem certeza que precisamos ir junto? O pai nunca deixou a gente ir na cidade...

MARIA: Eu preferia ficar e cuidar da casa!

MADRASTA: Fiquem calados! E me sigam sem discutir!

(A MADRASTA SEGUE NA FRENTE E JOÃO TIRA DO BOLSO, UM SACO CHEIO DE PEDRAS BRANCAS – SUSSURRA PARA MARIA)

JOÃO: Maria, precisamos ir marcando o caminho com essas pedras, assim saberemos como voltar para casa. Mas temos que tomar cuidado.... Ela não pode perceber o nosso plano.

MADRASTA: Chegamos à cidade. Meninos: eu vou procurar umas lojas de ferragens. Vocês fiquem bem aqui. Daqui a uma hora me procurem em frente à praça que fica a três quadras à esquerda depois do posto de gasolina, passando pela casa azul do lado da porta verde!

MARIA: Não nos deixe aqui sozinhos madrasta! Por favor!

MADRASTA: Adeus!

(JOÃO E MARIA FICAM UM TEMPO PARALISADOS, OLHANDO TUDO EM VOLTA COM MUITO ESPANTO)

MARIA: João, que lugar estranho. Onde será que estão as hortas? Não vejo nenhuma cocheira, nem chiqueiro de porco...

JOÃO: Barbaridade Maria! Nunca pensei que a cidade fosse assim, tão colorida.... Mas que estranho... Não tem árvores!

MARIA: Olha só aquilo João! Tem uma casa em cima da outra! Quantas janelas! Como será que as pessoas conseguem viver assim, amontoadas????

JOÃO: Maria!!! Olha!! Tem um anjo botando água pela boca!

MARIA: Eu tô com medo João, e com fome também, não vejo nenhum pé de laranjeira por perto....

JOÃO: Maria vamos embora. Já ficamos tempo suficiente nesta cidade pra saber que aqui não é o nosso lugar. Vamos encontrar as nossas pedrinhas e voltar pro nosso rancho!

MARIA: Eu tô com saudades do pai.....

(OS DOIS PERCORREM O CAMINHO DE VOLTA PARA CASA, GUIADOS PELAS PEDRAS QUE DEIXARAM NO CAMINHO)
(QUANDO CHEGAM EM CASA SÃO RECEBIDOS PELO PAI)

PAI: Então meninos? Trabalharam muito? Parecem cansados... onde está a sua madrasta?

(MARIA ABRE A BOCA PRA FALAR MAS JOÃO SALTA NA FRENTE)

JOÃO: Ela ficou um pouco para trás. Pediu que viéssemos na frente e adiantássemos o jantar.

PAI: Muito bem. Eu vou juntar as vacas e dar comida aos porcos. (sai)

MARIA: João, porque tu não dissestes ao nosso pai que a madrasta nos levou até a cidade e nos abandonou por lá?

JOÃO: Ora Maria, tu achas que ele iria acreditar? Não sabes que ela sempre dá um jeito de enganá-lo? Foi sempre assim. Imagina se nós contássemos uma história dessas.... ela ia ficar furiosa! Deixa, agora ela já sabe que nós somos muito espertos, não vai tentar novamente!

(CHEGA A MADRASTA CANTAROLANDO)

MADRASTA: Ai, ai. Que dia lindo, que vida boa, que lugar maravilhoso!......O quê??????? O que vocês estão fazendo aqui? Como chegaram de volta?

JOÃO: Somos espertos. A senhora achou que ia nos deixar naquela cidade horrível, onde as pessoas nem se falam na rua! Pois nós marcamos o caminho de volta e estamos aqui, e daqui não vamos sair!!!!

MARIA: Isso mesmo! Quero ficar bem aqui com o meu pai!!!!

MADRASTA: Pois vocês estão muito enganados se pensam que vão me passar a perna! Hoje vão dormir trancados, e não quero nem um comentário com o seu pai a respeito disto, ouviram bem????!!!!

(OS MENINOS SÃO EMPURRADOS PARA DENTRO DE CASA PELA MADRASTA, RESMUNGANDO E COM MEDO)

NO DIA SEGUINTE

PAI: Mulher! Vou pro campo arar a terra pra ver se nasce pelo menos um pé de milho. Vou dormir na bolanta durante essa semana, tô levando comigo um pedaço de charque, umas batata doce e um pouco de arroz. Cuide bem dos meninos, e pede pra eles te ajudarem com os bicho.

MADRASTA: Pode deixar marido. Que eu tomo conta de tudo....

(ENQUANTO O MARIDO SE AFASTA A MADRASTA PEGA UM PEDAÇO DE PÃO E ENROLA NUM GUARDANAPO)

MADRASTA: João! Maria! Venham cá!

MARIA: Sim madrasta, onde está o nosso pai?

MADRASTA: Ele foi para a lavoura, e passará alguns dias por lá...

MARIA: Sem se despedir da gente?

MADRASTA: embarquem na carroça que vamos dar um passeio.

JOÃO: Não vamos à cidade novamente!

MADRASTA: Peguem esse pão, e será só o que vão levar daqui. Está mais do que na hora de vocês tomarem um rumo na vida, vamos! Andem!

MARIA: E agora João? Não deu nem tempo da gente juntar as pedrinhas pra marcar o caminho....

JOÃO: Calma Maria, ainda não será desta vez que ela vai nos vencer!

(PELO CAMINHO, JOÃO VAI SOLTANDO PEDACINHOS DE PÃO PARA MARCAR O CAMINHO DE VOLTA)

MADRASTA: Muito bem meninos, a partir daqui vocês seguem sozinhos...

MARIA: Mas e o nosso pai? Ele vai sentir falta da gente!

MADRASTA: Não, se eu disser que foi escolha de vocês virem pra cidade, ele vai ficar consolado aqui nos meus braços.... ADEUS!!!

JOÃO: Deixe que ela se afaste um pouco Maria, e vamos procurar a nossa trilha de pães.

(ENQUANTO OS DOIS FICAM OLHANDO A CIDADE, A MADRASTA VOLTA E ENCONTRA AS MIGALHAS DE PÃO PELO CAMINHO)

MADRASTA: ahahahahaha, esses fedelhos pensaram que iam me enganar pela segunda vez! Coitadinhos ahahahahaha (SEGUE RECOLHENDO AS MIGALHAS DO PÃO)

(NESSE MOMENTO, GIGI CHEGA PERTO DOS DOIS)

GIGI: Ei, vocês dois! Parece que estão procurando alguma coisa....

MARIA: Na verdade estamos. O caminho de volta pra casa!

GIGI: Ah, estão perdidos? Na cidade? Que lástima...

JOÃO: Não é nada disso! Apenas esperamos um pouco. Ainda não é hora de voltarmos. (João torce os olhos para Maria)

GIGI: E pode-se saber de onde saiu esse casalzinho tão simpático?

MARIA: Somos irmãos, e moramos na campanha. A mulher do nosso pai, que não gosta de nós, nos deixou aqui na cidade, sozinhos, na verdade nunca viemos à cidade....

GIGI: Ah mas que história triste....

JOÃO: Chega de conversa Maria. Lembra do que o pai nos ensinou? – Nunca falem com estranhos. Vamos embora, procurar a nossa trilha!

GIGI: Adeus irmãozinhos, se precisarem de uma ajuda, é só procurarem por mim, meu nome é GIGI!!!!

JOÃO: Maria, tu falas demais. Precisa chegar e ir contando toda a nossa vida pra alguém que a gente nem conhece?

MARIA: Ué João eu achei ela bem simpática....

JOÃO: MARIA!!!!! Não estou vendo as migalhas do pão. Tenho certeza que deixei uma bem aqui!!!

MARIA: Nem diz uma coisa dessas, vamos procurar melhor.

JOÃO: Não estão Maria, nem aqui, nem ali. Como vamos voltar pra casa? Eu não faço idéia pra que lado fica. São tantas encruzilhadas, e porteiras, e picadas que atravessamos, nunca mais vamos achar o nosso rancho!!!!

SILÊNCIO POR ALGUNS MINUTOS

MARIA: João. E agora?

JOÃO: Não sei. Só tem um caminho pra seguir.

MARIA: A cidade?

JOÃO: É, a cidade.

(SEGUEM EM DIREÇÃO Á CIDADE, NO CAMINHO ENCONTRAM AS CRIANÇAS 1, 2 E 3 QUE CARREGAM CÃEZINHOS NO COLO)

MARIA: Olha João! Que gracinha aquelas meninas com uns filhotinhos de cachorro no colo! Que adoráveis! Onde será que elas estão indo?

JOÃO: Ei, meninas! Pra onde vocês estão levando esses cãezinhos?

CRIANÇA 1 : São os cachorrinhos da Madame Bruxa, estamos levando pra casa dela.

CRIANÇA 2 : Vocês também tem cachorrinhos?

CRIANÇA 3: A Madame Bruxa adora cachorrinhos....

MARIA: Madame Bruxa, mas que nome mais estranho.

JOÃO: Que tipo de pessoa pode se chamar de Madame Bruxa? Nós tínhamos cachorrinhos, mas não temos mais...


CRIANÇAS: tchau, adeus, até mais!!!

GIGI: Mas olha só, quem é vivo sempre aparece!

JOÃO: Oi você de novo.

GIGI: O que foi que aconteceu? Não encontraram o caminho de volta?

MARIA: Não encontramos mesmo! Fizemos uma trilha de pão para marcar o caminho de volta, mas não sabemos o que aconteceu. O pão não está mais lá!

GIGI: Mas que idiotas! Qualquer animalzinho pode comer as migalhas de pão! E se deliciar com eles!

JOÃO: Acho que foi isso mesmo que aconteceu....

GIGI: Então quer dizer que estão sozinhos...abandonados...sem pai nem mãe...perdidos na cidade? É perfeito!

JOÃO: O que disse?

GIGI: Bom, eu disse que é uma situação muito triste e complicada, e que o máximo que posso fazer é oferecer ajuda.

MARIA: Ajuda? Que ótimo! Estou com uma baita fome!

GIGI: Sim, posso lhes oferecer casa e comida, é só virem comigo à casa de uma mulher muito boa e que ajuda as crianças da cidade: MADAME BRUXA!

JOÃO: Peraí. Quem é essa tal madame bruxa? O que ela faz? A casa dela é segura?

GIGI: Segura? É a casa mais segura que existe na cidade! Ninguém chega perto dela, a não ser que seja convidado. Por ela, ou por mim.

MARIA: O que tu achas João?

JOÃO: Não sei não. No entanto, não temos muitas alternativas. Muito bem, vamos conhecer essa tal “Madame Bruxa”

GIGI: Ótimo!!! Tenho certeza que ela vai adorar conhecê-los....

(QUANDO CHEGAM NA CASA DA MADAME....)

GIGI: Crianças!!! Venham cá. A madame está acordada? Como está o humor dela?

CRIANÇA 1 : Está lá em cima, no quarto preto. Já faz pelo menos uma hora.

CRIANÇA 2 : Nós trouxemos mais cachorrinhos

CRIANÇA 3: Ela ficou contente

(ENQUANTO GIGI CONVERSA COM AS CRIANÇAS, JOÃO E MARIA FICAM ESPANTADOS QUANDO VEEM UMA MENINA TRANCADA NUMA GAIOLA)

JOÃO; Gigi, o que aquela pobre menina está fazendo trancada naquela gaiola?

GIGI: Pobre menina? Ela é uma peste. Quase arruinou a vida de madame com sua mania de falar demais. Esse é um defeito que ela não suporta – lembrem-se disso.

(ENTRAM AS CRIANÇAS 4 E 5 DE AVENTAL E VASSOURA NA MAO)

CRIANÇA 4: Gigi, a madame bruxa perguntou por ti.

CRIANÇA 5: Ela não parecia muito contente com a tua demora....

MARIA: Nossa, Gigi! Quem são essas duas?

JOÃO: Parecem tão pequenas para trabalhar de faxineiras....

GIGI: Que nada! Elas adoram, Na verdade se divertem, fazem de conta que estão brincando de casinha.

ZÉ MINHOCA: O Gigi, até que emfim tu apareceste. A madame já estava ficando nervosa com a tua demora.

MADAME BRUXA: Tem razão Zé Minhoca. Estava mesmo perdendo a paciência com o seu desaparecimento menina.

GIGI: Eu sumi por umas horas, mas foi por uma boa causa. Madame Bruxa quero lhe apresentar: JOÃO E MARIA!

MADAME: Ora, ora, ora! O que temos aqui? O que fazem meninos? Quem são vocês? Onde estão os seus pais? Quantos anos têm?

MARIA: Não temos mais família, na verdade fomos expulsos de casa pela nossa madrasta.

MADAME: Que pena! Crianças tão lindas e fortes e tão, peculiares, podem render um bom dinheiro, na, na. Quer dizer podem ganhar um bom dinheiro...

ZÉ MINHOCA: A senhora já tem uma função pra eles, madame?

MADAME: Hoje eles vão tomar um bom banho, fazer uma bela refeição e dormir um longo sono. Amanhã pela manhã, vão para a esquina da sinaleira pedir uma colaboração para a nobre causa dos cãezinhos sem lar....

ZÉ MINHOCA: Puxa! Esse realmente é um cargo bem elevado para dois iniciantes que acabaram de chegar...

MADAME: Cala boca Zé Minhoca! E trate de cumprir com as suas obrigações. Já regou a minha planta preciosa hoje?

ZÉ MINHOCA: Sim, sim madame. Já está bem molhadinha....

MADAME: Vou me retirar aos meus aposentos... GIGI! Quero um relatório de tudo que aconteceu no final do dia....

GIGI: Ouviram? Ela quer um relatório de tudo que aconteceu. ENTÃO TUDO TEM QUE ACONTECER!!!!!

(SAEM TODOS) (NO DIA SEGUINTE)


JOÃO: Maria, eu estou com tanta saudade do nosso rancho. A essa hora estaríamos dando comida pras galinhas, aguando a horta...

MARIA: Eu tenho saudade do cheiro lá de fora, dos galpões, da geada da manhã branqueando os campos....

JOÃO: É mesmo. E a gente nem sente frio. Ao contrário daqui da cidade. Tudo é tão gelado. E esse trabalho que nos arrumaram, não sei nem que causa nobre de cãezinhos é essa...

CARICÓ: Ei, psiu! Ei vocês! Venham cá!

MARIA: Ela está nos chamando João? Tu sabes quem é?

CARICÓ: Meu nome é Caricó. Eu tenho observado vocês desde que chegaram na cidade. Não tem família, certo? Eu também não. Bem vindos ao clube. Escuta, vocês estão morando na casa da Madame Bruxa certo?

JOÃO: É meio estranho, mas a gente não tinha pra onde ir...

CARICÓ: Eu sei. Ela vive correndo atrás de mim. Sabem que aquela guria que está presa dentro da gaiola na casa da Madame é minha irmã? Sim, é minha irmã Lambari. A madame disse que só vai solta-la quando eu decidir fazer parte do bando dela.

OS DOIS: Bando????

CARICÓ: Claro! Vocês não perceberam? A Gigi é quem leva as crianças. Ela vive procurando pelas ruas, crianças abandonadas, menores infratores, qualquer um, aí ela oferece mundos e fundos e pronto: tornam-se escravos da madame.

OS DOIS: Escravos?????

CARICÓ : Isso mesmo. Os pequenos roubam cachorros pra ela tirar o couro e vender pras fábricas.

MARIA E JOÃO: ai que horror! Probrezinhos dos bichinhos! Que maldade!

CARICÓ: outros cuidam da casa, da roupa, da cozinha, enfim trabalham duro. Tem os que pedem esmolas, como vocês...

MARIA: Então quer dizer que não é uma contribuição....

JOÃO: Se o nosso pai estivesse aqui, iria morrer de desgosto nos vendo pedindo esmolas! Mas ninguém enfrenta essa mulher?

CARICÓ: É difícil. Ela tem muito poder. E vocês já viram que ela guarda um tesouro?

OS DOIS: Um tesouro???

CARICÓ: O guardião do tesouro é o Zé Minhoca. Trata-se de um pé de uma planta chamada “erva mate”. Dizem que é poderosa, muito gostosa e apreciada. Então ela vende pequenas mudas da tal erva mate a preço de ouro....

JOÃO: Temos que fazer alguma coisa Caricó. Não podemos deixar que essa madame bruxa maltrate mais nenhuma criança, nem animal....

CARICÓ: Há tempos eu espero por alguém que tenha essa coragem ...

PAI: João! Maria! Meus filhos! Que bom que eu encontrei vocês!!!!

MARIA: Pai! Que saudades!

JOÃO: O meu pai que bom te ver... Essa é uma amiga, Caricó

PAI: Como vai? Como estão vocês? Sofreram muito estes dias? Estou tão envergonhado de não ter visto o que aquela mulher estava fazendo com vocês...

MARIA: Como é que o senhor se deu conta pai?

PAI: Quando cheguei em casa, da lavoura e perguntei por vocês, ela veio com uma conversa, e eu não acreditei. Insisti que ela me dissesse a verdade, então ela confessou tudo. Mandei ela embora e vim procurar vocês! Podem me desculpar?

MARIA: Claro que sim paizinho...

JOÃO: Sim, mas com uma condição. O senhor vai ter que nos ajudar. Caricó, qual é o ponto fraco da Madame?

CARICÓ: Não podia ser outro: o dinheiro e a erva mate

João: Então acho que já sei o que vamos fazer...

SAEM TODOS. MADAME BRUXA ESTÁ EM FRENTE A CASA PEGANDO UM SOL COM TODAS AS CRIANÇAS EM VOLTA. CHEGA O PAI, BEM TRAJADO PARECENDO UM GRANDE EMPRESÁRIO.

PAI: Boa tarde madame!

MADAME BRUXA: Quem é o senhor, e o que o trouxe aqui?

PAI: Sou um negociante, e soube que madame tem um produto de muito boa qualidade. Gostaria de compra-lo.

MADAME: Sim, tenho, mas o produto é muito raro, e custa uma fortuna.

PAI: Mas é uma fortuna o que carrego aqui nesta mala.

MADAME: Posso saber de quanto estamos falando?

PAI: Diga-me a senhora quanto deseja pelo produto, e eu lhe direi se posso compra-lo.

MADAME: Cem contos de réis!!!!

PAI: Nossa! É realmente uma fortuna. Mas se me mostrar o produto, posso analisar se vale a pena pagar tanto.

MADAME: Zé minhoca! Venha cá menino. Traga-me o pé de erva mate para que o moço possa vê-lo.

ZÉ MINHOCA: Tem certeza disso madame?

MADAME: O que é isso? Tu estás questionando uma ordem minha?

ZÉ MINHOCA: Não. O que é isso? Quem sou eu? Capaz. É que o troço é tão bem guardado, que ás vezes até eu me esqueço que posso vê-lo. Só estranhei.

MADAME: Pois anda logo e deixa de demora!

(ENQUANTO ZÉ MINHOCA SAI PARA PEGAR A PLANTA, MADAME FICA NA VOLTA DO PAI, POIS O ACHA ATRAENTE, E NEM VÊ O QUE ESTÁ ACONTECENDO EM VOLTA)
(JOÃO E MARIA ENTRAM NA CASA E PEGAM AS CRIANÇAS, ENQUANTO CARICÓ SOLTA SUA IRMÃ LAMBARI)
(ZÉ MINHOCA VOLTA COM UMA ESTUFA GIGANTE CONTENDO O PÉ DE ERVA MATE)

MADAME ; Muito bem. Aqui está. É uma raridade e pode-se ganhar um bom dinheiro com ela.

PAI: Realmente é uma bela planta. Aqui está. (ENTREGA A MALA) Cem contos de réis para ficar com esta plantinha!

MADAME: Ora, que bom negócio. Eu pressenti que o dia hoje seria de muitas surpresas. O senhor quer tomar um café?

PAI: Não, obrigada, eu já vou indo que preciso plantar esta árvore o quanto antes, afinal, tenho que recuperar todo o dinheiro que investi nela, Adeus e aproveite bem o dinheiro!

MADAME: Ai, ai. Que beleza. Muito dinheiro pra fazer mais um monte de maldades....ahahahahahaah!!!!! (ABRE A MALA E VÊ QUE ESTÁ CHEIA DE MEIAS SUJAS) O quêêê????????? Não pode ser, estou falida, foi um golpe! Chamem a polícia, não a polícia não, chamem o prefeito, não o prefeito não, chamem o,......socorro!!!!!!!

(NISSO ENTRAM JOÃO, MARIA E AS CRIANÇAS EMPURRAM A MADAME PARA DENTRO DA GAIOLA, GIGI QUE APARECEU QUANDO A MADAME COMEÇOU A GRITAR ELES COLOCAM NA ESTUFA DA ERVA MATE)

CRIANÇA 1: E tu, Zé minhoca?

ZÉ MINHOCA: Eu to com vocês, deixas essas duas malucas aí trancadas e vamo dá o fora daqui!!!!!!

(SAEM TODOS CORRENDO E ENCONTRAM-SE COM O PAI)

CARICÓ: Muito obrigada, o senhor se saiu muito bem!

PAI: Confesso que estava nervoso, e morrendo de raiva daquela, daquela, daquela....]

TODOS: Bruxa!!!!!

MARIA: Mas pai, o que vamos fazer com os nossos amigos? Não podemos deixa-los aqui, assim sem pai nem mãe....

PAI: Olha meus filhos, com essa planta que “compramos” da madame podemos melhorar bastante a nossa renda. Então, se vocês concordarem, Vamos todos viver lá fora!

JOÃO: Que idéia pai! Muito bom, vocês vão gostar, lá os animais são cuidados, tem muita coisa boa pra fazer, tomar banho de arroio...(VÃOTODOS SAINDO)

MARIA: Isso mesmo, podemos andar a cavalo, tem um monte de árvores pra subir, frutas à vontade... é o paraíso!!!!

(DEPOIS QUE ELES SAEM APARECEM A MADAME, E A MADRASTA VESTIDAS DE PRESIDIÁRIAS COM AS MÃOS ALGEMADAS E BOLAS DE FERRO NOS PÉS)

MADRASTA: A culpa é tua, com essa mania de grandeza, sempre querendo aparecer mais que os outros

MADAME: A culpa é tua, consegues ser mais burra que dois adolescentes idiotas!

GIGI: Ei, esperem por mim! Eu também quero morar na campanha!!!!!!


FIM

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