domingo, 25 de fevereiro de 2018

O perigo eramos nós!

Meu pai tem nove irmãos. Isso significa que tenho vinte e oito primos. Quando tinha festa na família o sucesso de público era garantido por conta da criançada que se juntava - até porque entre o mais velho e o mais novo, as idades eram muito próximas.
É claro que juntar todos não era muito frequente mas, tinha aquela “turma” que convivia todos os dias. Nunca vi tanta ideia para inventar maluquices. A começar que, em determinada faixa etária não tem muita diferença de gênero: as brincadeiras em geral eram de correrias na rua, molecagens típicas dos guris mas que as gurias, de bom grado, também participavam.
Brincar de esconder, de pega-pega (a gente chama de “bichinho”), bicicleta, jogar bola e tantas outras.
Numa noite de verão em que as famílias tinham o hábito de visitar após o jantar (e a novela das oito), fomos para a casa de uma tia, onde já havia uma boa concentração de pivetes primos, vizinhos e agregados fazendo a maior farra. A brincadeira era de esconder-se. Estabelecemos um perímetro que não deveria ir muito longe para não nos afastarmos e também para não dificultar para “bater”.
E aí foi... Enquanto um contava, com o rosto colado na parede, os outros saíam correndo em busca de um bom esconderijo.
Correria pra cá, correria pra lá, alguém teve a brilhante ideia de se esconder entre as rodas de uma carreta que estava estacionada bem em frente à casa da tia. Não é preciso dizer que outros olhinhos brilharam e, em poucos segundos, o enorme veículo estava “recheado” de pequenos duendes entre as suas rodas gigantescas.
.... vinte e sete, vinte e oito, vinte e nove, trinta! Lá vou eu! - gritou quem devia procurar. E nesse mesmo instante: - vrrrrrummmm!!!
A rua escura, somada aos pneus pretos da carreta impediram o motorista de avistar o que se passava. Enquanto estávamos escondidos e concentrados para não sermos pegos, ele entrou no veículo e deu a partida.
Foi um esparramo tão grande de crianças saindo do meio das rodas como formigas corridas pela água. Entramos correndo para dentro de casa, nos atropelando uns aos outros, com os corações na boca, as caras brancas de susto e os olhos arregalados de medo, contando aos pais o que tinha acontecido. Enquanto isso, o pobre motorista, na calçada com as mãos na cabeça, apavorado pela tragédia que poderia ter acontecido. Bom, felizmente não foi nada, tanto é que estou aqui contando essa história. Depois de alguns sermões sobre segurança, voltamos pra rua e dessa vez a brincadeira era: quem sobe mais alto no poste de luz???

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