Todo mundo sabe a atração que um filhote causa nas pessoas, principalmente nas crianças.
A gente sempre tinha um guachinho pra cuidar e chamar de nosso. Foram muitos. Lembro de um que tinha a lã bem pretinha e que chamávamos de “Branca de Neve”. Era sempre uma festa chegar lá fora e encontrar a Branca cada vez maior e mais sapeca, além de exercitarmos nosso senso de responsabilidade pois todos os cuidados com o pequeno animal cabiam a nós.
Mas tinha um porém: lá pelas tantas, o animalzinho crescia e, vinha a notícia:
- A Branca de Neve morreu!
- De quê??? Porque não cuidaram dela?
- Não sabemos, ficou doente e morreu...
Choramingamos alguns dias pela perda do bichinho de estimação até a chegada de um novo cordeirinho, lindo e bem pequenino, todinho pra nós.
E assim foram uns quantos. Sempre com o mesmo final trágico.
Até que ganhamos o mais fofo de todos: o Zacarias!
Decidida a não deixar mais nas mãos daquele povo lá de fora que não sabia cuidar de uma pobre ovelhinha, empaquei na hora de vir embora pra cidade e disse que só entraria no carro se o Zacarias viesse junto!
Como já era de se esperar, cederam aos meus apelos (nessa época eu ainda era a caçula mimosa), e fomos felizes pra cidade minha irmã mais velha, eu e a ovelha na parte traseira da Belina I.
Bom, não contávamos que na cidade era um pouco diferente cuidar do bichinho. De dia, levavamos Zacarias para um campinho ao lado de casa e ali ficava amarrado numa corda para espanto da vizinhança (imaginem quantos minutos duraria se fosse hoje em dia?).
No final da tarde, corríamos e chamávamos Zacarias para dentro da garagem que, vejam só, amanhecia cheia de “cocozinhos pretos” que eramos obrigadas a limpar.
Foram ótimos dias, cheios de carinho pelo animal que muitas alegrias nos deu. Mas enfim, Zacarias cresceu e, sem darem ouvidos às nossas apelações, ficou definitivamente na campanha.
Como sempre acontecia, semanas depois veio a notícia do “falecimento” repentino do Zacarias e aí, eu decidi que não queria mais ganhar guachinhos, porque sempre me fazia sofrer.
Obviamente, tempos depois, descobri que, na verdade, o avô vendia os animais adultos junto com o resto do rebanho, e ainda por cima nos dava o dinheiro daquele que nos cabia!!! Durante um tempo vivi com dor na consciência porque o estimado Zacarias se transformou numa sandália!!!
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