PERSONAGENS
Padre Reinaldo - Padre da cidade
Dona Ernestina - Dona da casa, mãe de Carmem, avó dos meninos. Mulher de 60 anos, tendo como profissão benzedeira
Dona Carmem - Mãe dos meninos,é costureira
Seleste– Irmã de Carmem – Tem problemas psicológicos
Pedro - menino de dez anos, filho de Carmem
Joaquim - Menino de onze anos filho de Carmem
Luis - menino de nove anos filho de Carmem
Dona Constância - Mulher de posses, mãe das meninas
Vânia - menina de dez anos filha de Constância
Verinha - menina de nove anos filha de Constância
Verônica - menina de 8 anos filha de Constância -
Boitatá
Salamanca
Anjo
Anjo
Anjo
Noivo de Seleste
INÍCIO DA CENA
(Dona Ernestina está sentada na cadeira de balanço fazendo crochê. Entra Dona Carmem com a vassoura)
-CARMEM: Mãe! A senhora me dê licença, preciso limpar a casa pra receber a Dona Constância.
-ERNESTINA: E o que aquela mulher abastada vem fazer aqui?
CARMEM: Vem trazer uma de suas filhas para a senhora benzer. Ela desconfia de espinhela caída.
ERNESTINA: E como é que tu ficastes sabendo que ela vem me procurar?
CARMEM: Nos encontramos mais cedo, na saída da igreja.
ERNESTINA: Tu já andavas enfurnada na igreja novamente?
CARMEM: Olha mãe, que a senhora não goste do padre, é uma condição sua, mas eu sou temente a Deus e pretendo criar minha família na religião.
ERNESTINA: Não gosto mesmo. Aquele padre mal criado acha que pode mandar na vida da gente. Mas deixa pra lá, cada um com seus cada um.
CARMEM: Ah mãe! Tem outra coisa. Por favor vê se não cobra a benzedura desta vez!
ERNESTINA: Não cobro! Nunca cobrei!!! É só uma colaboração. Olha senão como é que vamos sustentar a casa? Eu só tenho a minha aposentadoria, e tu viúva, com essas crianças, fazendo costura?
CARMEM: Mas é pecado! Nunca vi benzedeira cobrar pela reza,capaz de nem funcionar!!!
ERNESTINA: Que pecado que nada...Só uns trocados (sai resmungando e arrastando os chinelos)
(Carmem segue arrumando a casa com pressa – entram os três meninos correndo)
CARMEM: Ei, ei, ei! Onde vão com tanta pressa?
LUIS: Vamos brincar, tem campeonato de cuspe hoje!
PEDRO: É, e nós treinamos bastante. Estamos mais afiados que língua de tricoteira.
CARMEM: Olha modos guri! E Vê se não se metem em encrenca por aí. Já estou cansada de receber reclamações dos vizinhos. (sai)
(a tia Seleste aparece vestida de noiva)
JOAQUIM: Olha lá. Aí vem a tia Seleste loquita (cochichando)
LUIS: Bah! E o que vamos fazer com ela hoje?
PEDRO: Que tal assusta-la com um lençol?
JOAQUIM: Não. Isso fizemos semana passada.
PEDRO: Quem sabe amarramos uma lata na canela dela?
JOAQUIM: Já sei! Venham cá. (cochichos num canto)
SELESTE: Samba Lelê ta doente
Ta côa cabeça quebrada
Samba Lelê precisava
É de umas boas palmadas
Samba, samba,
Samba o Lelê
Pisa na barra da saia
Samba, samba
Samba o Lelê
Pisa na barra da saia
PEDRO: Seleste, linda Seleste
JOAQUIM: Queremos fazer um teste
LUIS: Se souberes responda agora
PEDRO: Quem quer casar com a Seleste?
OS TRÊS JUNTOS: O padre, o padre, o padre!!!!
SELESTE: Saiam daqui seus capetinhas! Se te pego, te entrego pro reformatório, trio de desavergonhados, vem , vem que te arrebento. Tão pensando que a Seleste não tem namorado? A seleste tem um noivo...ele é bonito, alto, anda a cavalo...
OS TRÊS: É o padre, é o padre, é o padre!!!!
CARMEM: Guris! Venham cá!
JOAQUIM: O que é mãe? Nós nem chegamos na competição de cuspe ainda!
CARMEM: Andem de uma vez que já chamei! Venham se arrumar que vamos receber visita hoje.
LUIS: Visita?
CARMEM: Sim a Dona Constância e as filhas.
OS TRÊS: Vânia, Verinha e Verônica???!!!!
JOAQUIM: Cruz credo, Ave Maria!
PEDRO: E o que as três gurias mais gasguitas da cidade vêm fazer aqui na nossa casa?
CARMEM: A dona Constância vem trazer uma delas pra tua avó benzer. E eu quero aproveitar para oferecer minhas costuras pra ela. Portanto, recebam bem as meninas e por favor: COMPORTEM-SE! (SAI)
PEDRO: Ah, sim
LUIS: Claro mãe
JOAQUIM: Vamos receber muito bem as gurias.
............................................................
LUIS: E então?
PEDRO: Não podemos perder essa oportunidade!
JOAQUIM: É. Aquelas três merecem uma atenção especial!
(os três saem)
( Dona Ernestina cruza com os meninos no caminho, senta-se em sua cadeira, logo em seguida batem à porta)
CARMEM: Um momento! Já estou indo! Bom dia dona Constância, oi meninas, por favor entrem, e não reparem que a casa é de pobre!
CONSTÂNCIA: Com licença e obrigada. Venham meninas, e não saiam de perto de mim.
CARMEM: Mãe, essa é dona Constância Dorneles. Dona Cosntância, essa é minha mãe, Ernestina Saraiva.
CONSTÂNCIA: Bom dia dona Ernestina. Me disseram que a senhora é uma benzedeira de mão cheia. Trouxe minha filha Vânia para benzer, ela anda meio fraquinha, desanimada.
ERNESTINA: É mesmo? E o que esta guria anda comendo?
CARMEM: Mãe!!!! Dona Constância. Aceita um mate enquanto a mãe atende a menina?
CONSTâNCIA: Aceito sim. Tive uma manhã cheia de afazeres, nem tive tempo de tomar chimarrão. Mas dona Ernestina, minhas filhas têm uma ótima alimentação, tudo muito puro e fresco e vem direto da fazenda.
ERNESTINA: Sim, tudo muito fresco, entendo....
CARMEM: Joaquim! Pedro! Luis!
(entram os meninos)
CARMEM: Dona Constância, lhe apresento meus filhos.
CONSTÂNCIA: Olá meninos. Estas são Vânia, Verinha e Verônica. Minhas filhas.
OS TRÊS: Como vão gurias?
PEDRO: Bonitas como a cola da cabrita?
ERNESTINA: Gurizada por favor vão brincar um pouco na rua, preciso de silêncio pra benzer a menina Vânia.
(as crianças saem)
ERNESTINA (Segue benzendo Vânia de espinhela caída, sob o olhar atento da mãe Constância.) Muito bem menina. Estavas mesmo com a espinhela caída. Precisas vir te benzer por mais dois dias seguidos. Aconselho a senhora a dar uma colher de biotônico com uma gema de ovo, pra fortalecer essa guria. Agora vai brincar um pouco com as outras crianças lá fora.
CARMEM: (Entra cheia de tecidos nas mãos) Olhe dona Constância quantos cortes bonitos de fazenda tenho aqui.
Fecha a cortina.
Na rua as meninas brincam de amarelinha.
VÂNIA: Estava na janela
Fazendo a minha lição
Passou meu namorado
Me chamou de coração
VERINHA: Fui no mato cortar lenha
Cortei o dedinho do pé
Amarrei com fita verde
Cabelinho de José
VERÔNICA: Estava na janela
Comendo rapadura
Passou meu namorado
Me chamou de cara-dura
PEDRO: Gurias, nós queremos propor uma brincadeira com vocês. É o jogo da caixa mágica.
VERINHA: Caixa mágica? Eu não conheço esse jogo!
LUIS: Quem acertar o que está dentro da caixa, ganha um presente.
VERÔNICA: Muito bem. Nós aceitamos o desafio.
JOAQUIM: Primeiro as damas. Pode adivinhar o que está na caixa.
(as meninas colocam a mão na caixa ao mesmo tempo, dão uma remexida e começam a gritar)
VÂNIA: Que nojo! A caixa ta cheia de sapos!
VERINHA: Isso não teve a menor graça!
VERÔNICA: É, e vocês vão pagar caro por isso!!!
(as três saem correndo, enquanto os meninos ficam rolando de rir. Daqui a pouco um grito)
CARMEM: Joaquim, Pedro, Luis!!!!!
(acortina se abre, as meninas estão escondidas atrás de sua mãe que já está em pé pronta para ir embora)
CONSTÂNCIA: Muito bem dona Carmem. Vamos embora, agora mesmo, da próxima vez mande seus filhos terem um melhor comportamento, diante de meninas educadas. Senão a senhora vai acabar perdendo toda a pouca freguesia que tem. Passe muito bem!
(ao sair Vânia põe a língua, Verinha faz um gesto de cortar o pescoço e Verônica atira os cabelos)
CARMEM: Que bonito einh guris? O que vocês têm a dizer em sua defesa?
ERNESTINA: Calma Carmem. Foi só uma brincadeira de crianças.
CARMEM: Mas as crianças têm que aprender a ter respeito e educação, senão que tipo de adultos serão? Hoje à tarde vou levá-los à igreja para que o padre Reinaldo lhes dê um conselho. Já estou ficando cansada de tanta incomodação. (sai)
LUIS: Puxa vida. A mãe podia ter nos passado um pito, mas nos levar pra ouvir o padre Reinaldo é demais.
PEDRO: É verdade. O padre Reinaldo costuma ser muito severo com a gente. Acho que ele nos persegue.
JOAQUIM: Ih, meus irmãos, acho que nos metemos numa fria.
Fecha a cortina. Carmem entra seguida dos três meninos que a seguem meio sem vontade. O padre está ajoelhado rezando.
CARMEM: Boa tarde padre Reinaldo.
PADRE: Olá como vai dona Carmem. Olá meninos?
CARMEM: Padre será que o senhor podia dar uns conselhos pra esses guris. O senhor sabe, eu sou viúva e crio os meus filhos sozinha. Eles precisam de uns puxões de orelha.
PADRE: Pode deixar dona Carmem, Deus há de guiar os meninos para o bem. Deixe-os aqui, depois eu os mando de volta pra casa.
(Carmem sai, o padre abandona a expressão doce e suave e olha para os meninos com cara de louco)
PADRE: então os três estão achando que podem fazer tudo que quiserem e ficar impunes, não é mesmo?
LUIS: Não senhor.
PADRE: Pois fiquem sabendo que tem sempre alguém vigiando vocês! Deus está sempre olhando tudo e todos, Ele sabe o que vocês fizeram, fazem e ainda irão fazer!
JOAQUIM: Tudo???!!! Tudinho???!!!! Ihihihih
PADRE: Claro! Cada passo, cada suspiro, cada olhada que vocês dão, ele está presente!
PEDRO: Até os puns???
PADRE: Então fiquem sabendo. Tudo o que vocês fizeram, já está contando pontos pra sua jornada final. Pensem em todos os seus atos, nas pessoas que fizeram mal, nas desobediências, todos os seus pecados somarão pontos para a sua última morada!
LUIS: Última, última morada???
PADRE: SIM!!! O inferno! Que é o lugar de gente impertinente que nem vocês! E tem mais!!!!
JOAQUIM: Não, mais não.
PADRE: Sim! Todas as pessoas as quais vocês maltrataram irão cobrar de vocês no final!
PEDRO: Todas??? Todinhas??? (conta nos dedos e vê que faltam dedos)
PADRE: Agora vão!!!! Vão pra casa e amanhã voltem aqui, às dez horas que vou tomar a confissão de vocês. Pode ser que Deus os perdoe, Ele, só Ele pode perdoá-los.
(os três saem aos empurrões loucos para escapar do padre)
PADRE: Esses guris não tomam jeito. Precisam de um corretivo pra virarem gente. (sai)
(abre a cortina. Os três estão sentados na cama conversando)
LUIS: Vocês acham que o padre Reinaldo estava falando sério?
JOAQUIM: Não sei, acho que ele estava era querendo nos assustar.
PEDRO: Pode até ser, mas...e se for verdade tudo que ele disse?
JOAQUIM: Vocês já ouviram dizer alguma vez, que alguém foi castigado assim?
LUIS: Não. Mas também a gente nunca falou com os mortos.
JOAQUIM: Vamos dormir.
PEDRO: Vocês ouviram isso?
LUIS: Isso o quê?
Entra a boitatá e começa a andar em volta da cama.
BOITATÁ: Eu vim aqui buscar três almas pecadoras. Quero seus olhos guris!!!!
AI AIA AI!!!
PEDRO: Vai-te embora coisa ruim! Vai comer outros olhos por aí que os nossos são muito novinhos!!!!
LUIS: Acode Joaquim! Manda embora essa boitatá!!!
JOAQUIM: Fechem os olhos e pensem que isso é só um sonho!
(os três fecham os olhos e ficam amontoados. Depois de algum tempo)
LUIS: Será que ela foi embora?
PEDRO: Não estou ouvindo mais nada.
JOAQUIM: então vamos abrir os olhos devagarinho...
(quando eles abrem os olhos levam um susto! A salamanca do jarau está em seus pés
SALAMANCA: Olá meninos....Eu vim seduzi-los e levá-los para o monte do Jarau. Posso ficar com vocês por toda a eternidade!!!!!
PEDRO: Meu Deus! Que coisa horrorosa!!!!
LUIS: Eu não quero ser comido por esse jacaré!!!!
JOAQUIM: Não é um jacaré. É a Salamanca do Jarau!!!!!!
LUIS: E como é que a gente manda ela embora?
PEDRO: A gente vai ter que rezar. É a única saída!!!!
(os três ficam rezando juntos, tremendo de medo. Dali a pouco.....
JOAQUIM: Acho que ela já foi embora.
LUIS: Será que tem mais alguma criatura na nossa cama?
PEDRO: Só falta o negrinho do pastoreio!
JOAQUIM E LUIS: Pssssiiiittttt!!!!!
LUIS: Tudo isso por causa do padre Reinaldo.
PEDRO: Nós vamos morrer, vamos pro inferno, viver com todo tipo de criatura gosmenta, só por causa daquele padre dedo-duro!
JOAQUIM: Pior! Vamos ver aquelas três metidas indo pro céu....
(nisso as meninas passam na frente deles acompanhadas de anjinhos)
LUIS: Garanto que até a tia Seleste vai se vingar de nós...
(passa Seleste com o noivo e os dois riem muito dos meninos, dando-lhes adeus)
PEDRO: E se todos os passarinhos que eu já matei com estilingue resolverem se vingar?....Sai (espantando o pensamento) melhor nem pensar nisso.
JOAQUIM: Acho que nunca mais vou conseguir dormir!!!!!
(Fecha a cortina, quando reabre, dona Ernestina está sentada na sala em sua cadeira.
ERNESTINA: Bom dia meninos. Mas que caras!! Parece que a noite não foi muito boa. Estão com jeito de quem não dormiu.
JOAQUIM: Olha vó. Na verdade, eu nem sei se nós dormimos ou não...
ERNESTINA: Mas o que é que está deixando vocês tão preocupados?
PEDRO: É o padre Reinaldo vó. Ele disse que a gente vai pro inferno por causa de todos os nossos pecados.
LUIS: É, e ainda disse que tudo que agente faz está sendo observado.
JOAQUIM: Não tem jeito. Estamos perdidos!
ERNESTINA: Deixem de bobagens guris. O padre só disse essas coisas pra assustar vocês. Imaginem que umas crianças que nem vocês vão ter algum pecado! Além do mais, Deus está muuuuuito ocupado com “outras” coisas, pra perder tempo com...crianças.
JOAQUIM: Mas vó, a senhora tem certeza disso?
LUIS: Olha que o padre Reinaldo nos mandou ir lá hoje confessar os nossos pecados.
PEDRO: Eu acho que nós vamos nos dar mal!
(saem os três para a frente, onde já está o padre Reinaldo)
JOAQUIM: Bom dia padre!
LUIS: Sua bênção!
PEDRO: Buenas padre Reinaldo!
PADRE: Que modos são esses? Não vês que estás na casa de Deus?!
JOAQUIM: Nós estamos aqui, conforme o senhor mandou.
LUIS: O senhor tem certeza que é preciso a gente se confessar?
PEDRO: Quem sabe deixamos pra outro dia?
PADRE: Ora deixem de bobagens! Estou vendo seus pecados aí ó, bem atrás de vocês...
MENINOS: Onde, onde, onde!!!
PADRE: Nos seus ombros! Pesados! Enormes! Medonhos!!!!
MENINOS: (congelados com olhos estalados e ombros curvados)
PADRE: Muito bem quem será o primeiro?
JOAQUIM: Ele! (aponta para Pedro)
PEDRO: Ele (aponta para Luis)
LUIS: Ele (aponta para Joaquim)
PADRE: Vem tu Joaquim, que és o mais velho!
Joaquim vai atrás do padre, cabisbaixo e com um olhar de despedida. Os outros dois ficam andando de um lado para outro apavorados. Em seguida Joaquim volta.
PEDRO: E então? O que houve?
LUIS: Nós vamos pro inferno?
JOAQUIM: (Dá de ombros e sai)
PADRE: Pedroooo!!!!!
PEDRO: Ai meu Deus! Agora sou eu!!!!! (e vai atrás do padre)
LUIS: Ó minha Nossa Senhora das Graças, me protege!
(Pedro volta com cara de hipnotizado, olha pra Luis e não diz nada, sai durinho)
PADRE: Luis!!! Tu não me escapas, podes vir!
(Luis faz que desmaia mas logo vai correndo)
Abre a cortina batem na porta, dona Carmem vem atender
CARMEM: Boa tarde padre Reinaldo! Que honra recebê-lo aqui em nossa casa!
PADRE: Pois é dona Carmem, eu achei necessário vir conversar com a senhora, depois das confissões dos meninos, hoje pela manhã.
CARMEM: Mas o que houve padre? O senhor está me deixando assustada!
PADRE: Calma dona Carmem, não é nada demais. É que eu preciso da sua ajuda pra que os meninos sigam corretamente todas as minhas recomendações:
-Para que fossem perdoados dos seus “gravíssimos pecados”, eu exigi de Joaquim, Pedro e Luis que a partir de agora, eles passassem a tratar a dona Seleste, sua irmã, como a uma pessoa especial, como...um bichinho de estimação...
CARMEM: Sim, entendo...como um...gatinho!
PADRE: Isso! E também determinei que eles troquem o péssimo hábito dos campeonatos de cuspe por outro tipo de competição mais saudável!
CARMEM: Ótimo padre!
PADRE: E por fim, os três terão que fazer cortesias para as meninas, sempre que passar ou encontrar com elas em algum lugar! E, para que tudo se concretize, é preciso estar alerta. Conto com a senhora?
CARMEM: Claro Padre. Pode deixar que eu vou policiar estes guris sem trégua!
PADRE: Pois então eu já vou indo. Tenha uma boa tarde e dê lembranças a dona Ernestina.
Saem os dois.
Os três guris entram, e param no centro:
JOAQUIM: Muito bem! Eu sou o Juiz. Vamos decidir no par ou ímpar!
Fazem par ou impar. E começam a se espremer soltando puns barulhentos, fazendo festa após cada um deles.
CARMEM: (de cima do palco) Guris!!! O que é isso pelo amor de Deus!!!!
PEDRO: Ué mãe, o padre disse que a gente tinha que fazer competições mais “saudáveis”, quer coisa mais saudável que soltar puns? Alivia a barriga!
SELESTE: Eu plantei a cana-verde sete palmos de fundura....
LUIS: Oi tia seleste, olha o que nós trouxemos pra senhora comer....
PEDRO: prove, querida tia, foi escolhido especialmente pra senhora...
SELESTE: A que gentis.....( prova o que os meninos lhe alcançam e sai se afogando)
CARMEM: Guris!!!! O que foi que vocês fizeram com a Seleste???!!!!
JOAQUIM: Nada mãe. Só demos um prato de capim picadinho molhado no leite morno, não é o que se dá pros gatinhos?
Carmem desmaia
Entram Vânia Verinha e Verônica com os narizes empinados
Os três meninos atiram-se no chão e começam a rastejar. A princípio as meninas olham meio assustadas e depois começam a querer se livrar dos três que pegam suas canelas. Ficam apavoradas e mortas de vergonha e saem correndo aos gritos.
Os três levantam-se morrendo de rir da cena , acomodam suas roupas. Entra dona Ernestina.
ERNESTINA: Guris vocês são mesmo da pá virada!
PEDRO: Ora vó, ninguém pode dizer que nós não seguimos à risca o que o padre Reinaldo nos mandou fazer.
LUIS: É e tem mais. Daqui por diante, monstros, inferno e pecados, só nas suas histórias!!!
FIM
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