domingo, 10 de janeiro de 2010

Salvem nossos banhos no arroio Grande!

Salvem nossos banhos no arroio Grande

Personagens:
Arroio
Lagoa Mirim ;
Geraldo
Economia
Saúde
Desenvolvimento Sustentável
Lixo
Augustus
Doença
Escassez
Desperdício
Eucalipto - eucaliptinhos

Começa a cena: O arroio está sentado jururu. Em sua volta uma fita amarela e Augustus caminha de um lado para o outro pensando atucanado.

GERALDO: (entra pelo outro lado) Que dia vai fazer hoje! (Se espreguiça em direção ao sol). Acho até que vou dar um mergulho no arroio, esta manhã está pedindo um banho fresquinho!

Caminha com uma toalha no ombro em direção ao arroio. Quando chega perto vê Augustus preocupado e o arroio interditado.

GERALDO: E aí Augustus? O que é que está acontecendo? Porque esta cara de preocupado?

AUGUSTUS: Barbaridade Geraldo! Tu nem sabes! Acabaram de interditar o arroio Grande. Olha só que tristeza? E agora? Onde é que vamos tomar os nossos banhos?

GERALDO: Puxa que meleca! Quem foi que fez isso com o nosso Arroio?

AUGUSTUS: Não sei direito. Só sei que quando cheguei aqui, tinha uma placa dizendo “Proibido tomar banho”.

GERALDO: Bah......! Mas eu tenho uma idéia do que aconteceu....Lembra daquela história que nós ouvimos na escola a algum tempo atrás?

AUGUSTUS: (pensa um pouco e depois lembra) Aquelas bobagens que uns chatos foram falar sobre ecologia, meio ambiente, e cuidar da natureza? Lembro sim mas... O que isso tem a ver com os nossos banhos no arroio?

GERALDO: Tudo a ver! Escuta só. Eu vou te explicar... (os dois saem de cena, Geraldo com o braço por cima do ombro de Augustus contando a história).

ARROIO: (levanta-se, tira a fita da volta enquanto assiste os meninos saindo). Espero que ele saiba contar direitinho a minha história. Afinal uma tragédia precisa de detalhes pra ficar mais emocionante!

O arroio encosta-se em almofadas e fica tomando banho de sol.

Entra o lixo

LIXO: Venenosa e,e e,e erva venenosa e,e,e, é pior do que cobra cascavel seu veneno é cruel, el, el.....! E aí arroio! Vamos dar uma voltinha?

ARROIO: O que é que tu estás fazendo aqui?

LIXO: Ah... é que um guri me mandou pra cá. Sabes de uma coisa? A minha casa, o lixão, é muito longe, então o pessoal vai me deixando ficar por aqui mesmo. Eu adoro, assim duro muito mais tempo. Molhadinho, inteirinho, dando voltinhas, viajando....

ARROIO: Mas tu não podes ficar aqui. Não vês que me prejudicas? Se eu ficar contigo começo a perder boa parte da minha saúde!

LIXO: Não tô nem aí! Que que eu tenho que ver com isso? Me diz? Eu vou ficar aonde me mandaram que sou muito obediente! ( o lixo instala-se confortavelmente em uma das almofadas)

ARROIO: Meu Deus! Será que ninguém está vendo isso? Ei tu aí por favor me ajude! (dirige-se para a platéia) Faça alguma coisa, tire esse lixo daqui!
Não adianta. Os humanos não me escutam. Bom, agora vou ter que agüentar essa “visita inconveniente” morando comigo. Dá licença aí lixo! E vê se não solta gases!

Entram a escassez e o desperdício brigando

ESCASSEZ: Peraí. Não adianta discutir. Eu não vou te deixar andando sozinho por aí desperdício!

DESPERDÍCIO: Mas escassez, será que não dá pra largar do meu pé nem por um minuto?

ESCASSEZ: Não, não e não. Sem mim tu não vais a lugar algum.

ARROIO: Minha nossa senhora! Tô ralado. Essas duas pestes! Espero que não me enxerguem! (se encolhe)

ESCASSEZ: Olha só maninho! Achei o lugar ideal pra vivermos nós dois, juntinhos!

DESPERDÍCIO: (irônico) Tá. Um arroio. Que lindo!

ARROIO: Nem cheguem perto de mim. Eu ordeno que vão embora! Tenho muitos filhos pra sustentar e já estou bastante atarefado com esse... esse... esse entulho aqui (aponta para o lixo que lhe põe a língua).

ESCASSEZ: Ih.. não podemos fazer nada. Quem nos mandou foi um menino. Foi ele quem nos mandou aparecer no pedaço!

DESPERDÍCIO: Pois é. E segundo ela, onde está o desperdício...

ESCASSEZ: Está a escassez!!!

Os dois acomodam-se cada um em uma almofada confortavelmente e ainda ficam de beijinhos e cochichos com o lixo.

O arroio faz cara de choro e começa a dar sinais de desânimo. Senta-se no meio dos três.

Aparece a doença

DOENÇA: Onde estão? Onde estão? Onde estão os meus fregueses, alguém viu por aqui, por ali, acolá. Em todos os lugares sempre tem alguém a me esperar. Oba!
Água mole, água escura
Bem ralinha deste arroio
A doença te procura
Pra te dar todo apoio!

ARROIO: Bom dia dona doença! Estava achando demora da senhora!

DOENÇA: Ué, como sabias tu que eu viria? Acaso viraste adivinho?

ARROIO: Adivinho não sou mesmo, mas também não sou burro! Quem não sabe que um arroio que dorme com lixo, e está “gentilmente” hospedando o desperdício e a escassez, acaba por certo, namorando com a doença.

DOENÇA: Ai que maravilha! Puxa vida como estou sendo bem recebida, e que lugar maravilhoso! Acho que vou ficar por aqui mesmo, é perfeito!

ARROIO: Ai pobre de mim! O que mais pode me acontecer nesse finalzinho de vida¿

EUCALIPTO e eucaliptinhos: Bom Dia, bom dia, como vai como vai, como tem passado, como tem passado, que sede que sede.

ARROIO: Socoooooorro! Não, eucalipto não! Que boca essa minha. Agora sim não falta mais nada pra me exterminar!!! Buáaááááá

EUCALIPTO: Por favor, por favor, não fique assim. Desse jeito, desse jeito vou pensar que não quer acolher minha família, família. (enxerga a escassez) Ah! Tu já chegaste aqui primeiro, primeiro? Mas fique sabendo que este restinho de arroio é meu, meu, meu....

Enquanto a escassez, o desperdício, o lixo, a doença e o eucalipto disputam o arroio, a lagoa entra pelo outro lado bem alegre e saltitante.

LAGOA MIRIM: Psiu! Ei arroio! Quanta demora! Vem que estou te esperando de braços abertos meu filho!

ARROIO: Shit! Fica quieta! Não vês que estou mal acompanhado? Por acaso queres essa turma toda aí contigo? Estás maluca!

Todos os outros vêm e gritam:
LAGOA MIRIM!!!! E saem correndo se atropelando e acabam caindo em cima da lagoa.
O arroio volta quase sem vida para o seu lugar, passa a fita em volta e fica aborrecido.

Entram Geraldo e Augustus

GERALDO: Viu só Augustus. Quanta coisa ruim aconteceu com o nosso arroio grande? E nada disso é bobagem não, olha só o estado dele! Coitado, acho que não vai sobreviver!

AUGUSTUS: Pois é. Acho que vamos ter que procurar outro lugar pra tomar os nossos banhos.

GERALDO: Mas tu não entendes nada mesmo! Não vês que isso está acontecendo em todos os lugares, até na Lagoa Mirim?

AUGUSTUS: Ta bem Geraldo e qual é saída genial que tu tens pra esse caso?

GERALDO: Saída genial?Dá só uma olhada em como é que se recupera , ou pelo menos se evita os desastres!
Os dois ficam num canto assistindo.

Entra a economia com uma calculadora na mão:

ECONOMIA: Hum... um arroio com tão pouquinha água... Parece que alguém passou por aqui, e eu aposto que o nome dele é desperdício! Vamos ver uma coisa... (calcula) Se uma pessoa ficar com a torneira aberta durante 3 minutos cada vez que escova os dentes, em um mês ela terá gasto mais de 15mil litros de água. Multiplicamos isso pelas 20 mil pessoas que moram nesta cidade, e teremos.... 300 mil litros de água jogadas fora todo mês!!!
É arroio vamos precisar de muito trabalho para recupera-lo

Economia distribui torneiras fechadas para os presentes. Enquanto isso aparece a saúde.

SAÚDE: (fazendo cooper) Minha nossa, que lugar horrível. Cruzes! (apertando o nariz) degetos, produtos químicos, restos de inseticidas. Isso aqui não é um lugar muito agradável não. Ei! Economia! Que beleza te ver ! Já não era sem tempo alguém aparecer pra renovar as coisas por aqui.

ECONOMIA: Oi saúde, então amiga, por tens andado?

SAUDE: Ora, bem longe dessa turma escandalosa!

ECONOMIA: Estou recrutando assessores para me ajudar a restabelecer a vida deste arroio. Topas me ajudar?

SAÚDE: Bom, isso depende. Temos que dar um fim nestas pestes que estão morando por aí.

ECONOMIA: Sim, e por favor deixe aquele sonso do desperdício para mim! Ah, e também terei o maior prazer de acabar com a lambisgóia da irmã dele, a escassez!

SAÚDE: Sim, sim, eu fico com o insuportável do lixo e com aquela que eu não posso nem dizer o nome!

ECONOMIA: Mas tem mais um vilão nesta história....
Salta o eucalipto gritando

EUCALIPTO: Eu, eu, comigo ninguém pode, pode, pode. Aqui estou instalado e ninguém vai me tirar, que sede, que sede, que sede!

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: Pois o senhor está muito enganado. Não pense que está sozinho na parada. O planejamento é a minha especialidade, e eu posso limitar a sua existência

GERALDO: E aí Augustus, de que lado tu estás¿ Vai encarar o lixo, a doença, o esperdício e a escassez e o eucalipto, e assim ficar sem o nosso tão apreciado arroio Grande¿

AUGUSTUS: Bom se não tem outro jeito, vou é passar pra esse lado aí. Com a economia, a saúde e o desenvolvimento sustentável, temos a chance de aproveitar muito mais nossos banhos no arroio e também na lagoa Mirim.

No final os dois meninos, a economia, a saúde, e o desenvolvimento pegam a fita e “interditam os vilões libertando o arroio e a lagoa que se abraçam e distribuem alguma coisa para o público.
Música para finalizar.

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