domingo, 25 de fevereiro de 2018

Adultos não sabem brincar...

Meu tio, recém formado na Escola Técnica Federal de Pelotas, foi trabalhar em uma empresa numa função que exigia o seu deslocamento para várias cidades do país. As mais longínquas, aliás.
Passava boa parte do ano viajando e deixou aqui em Arroio Grande a sua noiva, moça muito querida e estimada por toda a família. Eu e minha irmã mais velha éramos, naquela época as únicas filhas, netas e sobrinhas, conquistando assim lugar de destaque na família inclusive daquelas que estavam tentando ingressar nela...
Minha futura tia era muito amável e fazia tudo para nos agradar. Infelizmente, minha sinceridade de criança de vez em quando colocava-a em situações, digamos, embaraçosas!!!
Certa feita, ela nos levou até a cabine telefônica localizada na casa da dona Luciana Messon - única forma de comunicação pública existente na Arroio Grande dos anos 1970 - para falarmos com o tio querido que já estava fora havia um bom tempo. Uma a uma fomos entrando na cabine para falar através daquele telefone preto gigante. Primeiro foi ela, que encheu meu tio de melosos estou com saudades e quando tu vens? Depois minha irmã que era hierarquicamente superior e que eu não lembro as suas palavras pois estava bisbilhotando o ambiente...
Quando chegou a minha vez, eu ouvi aquela voz que não reconheci muito bem pois já tinha um certo sotaque nortista muito estranho:
- “E aí bichinha, como é que estás? Tudo bem por aí? E a Maria Claudia está se comportando direito?”
E eu fui fazer uma graça:
- “Ah sim, acho que ela tem um namorado por aqui”...
Bom, não lembro como terminou a minha conversa com meu tio. Mas lembro que ela, branca que nem um papel, tirou o telefone da minha mão e ficou horas tentando convencê-lo de que era invenção minha, ao que, ele retrucava “criança não mente!”
Nem preciso dizer que cheguei em casa e levei uma descompostura da mãe. Foi tão feio o negócio que a metade da família teve que intervir a favor da moça para convencer o noivo ciumento a não desistir do casamento.
Até hoje eu não sei porque ele ficou tão zangado afinal, se perguntou brincando, devia aceitar a brincadeira de volta.

No fim, acho que me perdoaram pois eu acabei sendo a dama de honra do casório, mas não sem antes fazê-la passar por mais meia dúzia de saias justas!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário