Primeira série da Escola 20 de setembro. Eu “gostava” de um menino, meu colega de aula. Era louro, gordinho, com as bochechas rosadas, um trator que tinha brincadeiras brutas e liderava uma turminha de arrepiar os cabelos das professoras! Mesmo assim eu achava bonito, tinha aquela aura de liderança, não tinha vergonha nem medo de nada (ao contrário de mim). Aí a gurizada descobriu e logo começou a zoar. Quando eu aparecia já iam gritando: a Izinha gosta do fulaninho! Eu jamais vou esquecer a resposta que o fulaninho sempre dava, me olhando de cima abaixo: “- Se eu gostasse de buxo eu ia no açougue!”. Mas que diabos queria dizer buxo???? Eu entendia muito bem que aquele era um adjetivo pejorativo, que ele estava desdenhando de mim. Não importava, talvez pelo fato de eu não saber o que era Buxo, aquilo não me machucava.
Só tempos depois, na juventude eu fui descobrir que buxo eram as vísceras de um animal, aquilo que ninguém quer.
Ainda bem que o fulaninho não conseguiu acabar com a minha autoestima, porque seria um desperdício, principalmente quando, trinta anos depois, eu o encontrei: gordinho, com as bochechas rosadas, careca e com um olhar triste de quem já esteve visitando o açougue, mais de uma vez!
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